Seguidores

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O LOBO E A GAIVOTA


O LOBO E A GAIVOTA


O mar de outono é triste, a praia deserta, onde nem os relógios de areia funcionam, o tempo parece ter adormecido para sempre.
A paisagem transmite infinita solidão, somente algumas gaivotas voando pelas ondas e sobre as casas velhas da encosta e alguns cachorros perdidos.
De longe avisto uma sombra incomum a minha tela, ao me aproximar lentamente, vou definindo a silhueta de um homem, virado para o mar, com os olhos fixos no horizonte, como se ele estivesse meditando.
Vou caminhando pela areia, o sol fraco já está se escondendo e o homem vem em minha direção, inicialmente sinto um pouco de medo , mas ele sorri e nos aproximamos mais, conversamos um pouco e cada um segue seu destino.
Estou de férias, vou me refugiar em uma das casas que foi de meu avô, ele está instalado há cinco quadras de minha casa, percebi que ele não é nativo, porém me contou que está há um ano residindo nesse lugar.
Antes dele decidir morar no Porto da Solidão, essa calma prainha, vivia numa selva de pedra, mergulhado no desespero de estar cercado por muitas pessoas e sentindo-se só .
Viveu à beira de um escuro desfiladeiro, precisava de uma mudança instantânea em sua vida, oportunidades surgiram e ele aportou nessa praia, tão única, tão simples e tão tranquila.
Chegou ao ponto de sentir-se estranho com ele mesmo, os talismãs que definiam sua identidade, transformaram-se em fetiches adversos, sua esperança de vida quase morreu em atos de absoluta negação.
Perdeu toda sua família em um trágico acidente e desde então não via mais cor, em nada, um mundo totalmente em ruínas.
Ao chegar à praia deixou para trás sua mochila de desilusões e sofrimentos e acreditou em uma nova vida, um ano se passou e ele já estava entrosado com as pessoas da vila e era respeitado por todos, seu trabalho envolvia pesquisas marítimas, era um oceanólogo muito dedicado.
Lobo do mar era como o chamavam, pois era uma pessoa solitária e que inspirava muita proteção e amor à natureza.
Naquele ano das minhas férias, ficamos amigos e de nossa amizade surgiu uma grande paixão, com o tempo, vim para o Porto da Solidão para residir com ele definitivamente.
De um encontro casual, numa tarde feia de outono nasceu um grande amor entre o um Lobo do Mar e uma Gaivota Dourada, é como nos conhecem aqui. Esta é a nossa história de vida, por isso nunca desista de seus sonhos e quando estiveres infeliz pense que tudo passa, um dia nunca é igual ao outro.

2 comentários:

  1. Esta ilha não tem fortuna
    Trocou-a por um curioso mistério
    Este irreal e intenso verde
    Que inunda o olhar mais sério

    Nesta ilha há um beijo na tua procura
    Nesta ilha as pedras não têm idade
    Nesta ilha as juras são lançadas à maresia
    Nesta ilha o sonho é janela da verdade

    Doce beijo

    ResponderExcluir